(A cidade, que havia sido iluminada por toda parte, raramente estava em trevas.)
Madri, Espanha (Hora Local) — Em 28 de abril de 2025, a Espanha enfrentou seu pior apagão em uma década, mergulhando mais de 3 milhões de residentes em Madri, Barcelona e outras grandes cidades na escuridão por seis horas. Os metrôs pararam, os hospitais recorreram a geradores de backup, e as perdas econômicas são estimadas em €200 milhões. Embora os operadores de rede espanhóis inicialmente tenham atribuído a crise a "equipamentos de transmissão sobrecarregados", o incidente reacendeu o escrutínio global sobre os desafios energéticos crescentes da Europa: infraestrutura envelhecida e políticas agressivas de transição verde estão colidindo, enquanto avanços chineses em tecnologia renovável e integração sistemática oferecem novas perspectivas para a transformação energética global.
Por trás do apagão: a 'dupla senilidade' do sistema de energia da Europa
A Espanha não está sozinha. Dados da Rede Europeia de Operadores de Sistemas de Transmissão (ENTSO-E) revelam que 70% do equipamento de transmissão de alta tensão da UE tem mais de 30 anos, com algumas subestações na Europa Oriental ainda dependendo de tecnologia da era soviética. O apagão de 2021 na Renânia, na Alemanha, e as falhas de energia de 2022 na França devido à manutenção de usinas nucleares destacam ainda mais os riscos impostos pela infraestrutura desatualizada e pelas atualizações digitais defasadas.
Enquanto isso, a corrida da Europa para substituir combustíveis fósseis por renováveis avançou mais rapidamente do que a modernização da rede elétrica. A Agência Internacional de Energia (AIE) relata que a capacidade eólica e solar da UE aumentou 58% nos últimos cinco anos, mas as atualizações da rede progrediram em apenas um terço desse ritmo. 'A energia solar do sul da Espanha não pode chegar de forma eficiente aos centros industriais do norte. Carecemos tanto de soluções de armazenamento quanto de redes inteligentes adaptadas aos sistemas renováveis', disse Carlos Fernández, analista energético espanhol.
(energia solar)
Após a guerra na Ucrânia, a pressa da Europa para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis russos teve efeitos contrários. A energia eólica e solar intermitente forçou os países a reativar usinas a carvão ou pagar preços premium por gás natural liquefeito (GNL). No inverno de 2023, os preços da eletricidade para residências na Alemanha atingiram um recorde de €0,45 por kWh (aproximadamente $0,49), alimentando a inflação e expondo o equilíbrio precário entre segurança energética e neutralidade de carbono.
“A Europa precisa de pelo menos €100 bilhões anualmente para modernizar as redes, mas os estados-membros estão paralisados sobre financiamento e roadmaps técnicos”, disse Emily Clarke, pesquisadora de um think tank de energia com sede em Bruxelas. “A fragmentação política está sufocando a inovação.”
Enquanto a Europa luta, o setor renovável da China entrou em uma fase de implantação em larga escala. De acordo com a Administração Nacional de Energia da China, vento e sol responderam por mais de 15% da geração de energia nacional em 2023. Sua tecnologia de transmissão de ultra-alta tensão (UHV), com 95% de eficiência, agora canaliza energia limpa dos desertos do oeste para as megacidades do leste. O projeto UHV ±800 kV Ningxia-Zhejiang sozinho substitui 15 milhões de toneladas de carvão anualmente.
Mais notável é a integração vertical da China na fabricação de energia solar: ela controla 80% da produção global de painéis solares, com custos caindo 90% em uma década. Um relatório de 2022 da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) observou que a China respondeu por 43% dos investimentos globais em energias renováveis. Seu modelo de 'energias renováveis + armazenamento + UHV' está sendo adotado agora em regiões desde o Oriente Médio até a África.
“A transição energética não é apenas trocar equipamentos - exige planejamento estratégico nacional e sinergia industrial”, disse Zhang Zhiyong, especialista em energia da Universidade Nacional de Singapura. “A abordagem da China - ampliar a implantação para reduzir custos e depois reinvestir em P&D - pode redefinir as trajetórias globais.”
(Geração de energia eólica fotovoltaica)
Apesar dos avanços da China, a modernização das redes elétricas em todo o mundo requer cooperação transfronteiriça. A Europa pode aprender com a China? A compatibilidade depende de padrões técnicos: os padrões UHV liderados pela China foram adotados pela Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC), enquanto a "superrede" proposta pela UE pode precisar de expertise chinesa em transmissão flexível de corrente contínua.
O apagão na Espanha serve como um alerta. À medida que as mudanças climáticas aceleram a eliminação dos combustíveis fósseis, resolver a degradação das redes e a desigualdade energética exige transcender rivalidades geopolíticas por meio do compartilhamento de tecnologia. O progresso da China prova que a revolução renovável não se trata apenas de energia limpa - é uma mudança transformadora nos sistemas industriais, infraestruturas e governança global.
(Fontes de dados: Agência Internacional de Energia, ENTSO-E, Administração Nacional de Energia da China, Banco Mundial)
2025-04-30
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